quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

FERNANDO PESSOA

    Sonhei, confuso, e o sono foi disperso,
    Mas, quando dispertei da confusão,
    Vi que esta vida aqui e este universo
    Não são mais claros do que os sonhos são

    Obscura luz paira onde estou converso
    A esta realidade da ilusão
    Se fecho os olhos, sou de novo imerso
    Naquelas sombras que há na escuridão.

    Escuro, escuro, tudo, em sonho ou vida,
    É a mesma mistura de entre-seres
    Ou na noite, ou ao dia transferida.

    Nada é real, nada em seus vãos moveres
    Pertence a uma forma definida,
    Rastro visto de coisa só ouvida.

    Fernando Pessoa, 28-9-1933.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Fábula

O guerreiro e o monge

Havia, certa vez, um guerreiro que estava sempre desafiando e medindo forças com outros homens.

Um dia foi a um mosteiro e disse que queria falar com o mestre. Sem hesitação, este foi ao seu encontro.

O guerreiro, dirigindo-se a ele, disse: -Há quem creia que a inteligência é mais poderosa que a força, mas para mim é fácil mostrar o inferno a alguém; basta espancá-lo.

O mestre respondeu: -Não discuto com gente suja como você.

O guerreiro sentiu tanto ódio naquele instante, que seu rosto ficou vermelho e seus olhos pareciam saltar das órbitas.

-Isto é o inferno, disse o mestre sorrindo.

O guerreiro entendeu e admirou sua coragem.

-Isto é o céu, continuou o mestre, e convidou-o para entrar no mosteiro.