quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

ExaustOOOOOO/ todo dia é assim


Depois de guerrear mais horas que preciso, vem afrouxando o nó da gravata e desabotoando os punhos amarelos, cambaleante a caminho de casa. Meto a chave na porta e, quando piso na cerâmica quebrada, pressiono a ponta do sapato surrado no outro calcanhar.
Pés descalços, abendono a maleta lotada de papéis desimportantes em cima da única cadeira, puxo do bolso com cartões da empresa e anotações e caminho até a pia abarrotada de esquecimentos. Abro a geladeira toma uma bem gelada .
Caminho até a janela e apoio os cotovelos no parapeito do mundo para observar o nada.
Neste instante abraço com força o silêncio pesado, enquanto rejeito todas as máscaras que fui obrigado a usar durante o dia. Agora é noite. Já passou da hora de fazer alarde.
Repete a sessão até que percebo o início da íntima dormência na ponta dos dedos e a aproximação dos sonhos bonitos. Satisfeito, abro o chuveiro no máximo e afogo-me por inteiro ao mesmo tempo em que me recordo do meu tempo de infância.
Quando deito no colchão antigo - exausto do tudo que foi, sem nunca ter sido - imediatamente encerra meus olhos turvos. Transbordando lágrimas secas e engasgos latentes, imploro - com o peito aberto para amanhecer vivo. Para começar tudo novamente.

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