Como amor é assunto recorrente desta coluna, muitos acham que tenho a fórmula mágica para aniquilar as dores provocadas pela paixão. Tenho nada. Tenho são os meus palpites. E uma antena que capta frases, depoimentos, tudo o que possa ajudar. Um dia desses uma leitora me escreveu um e-mail simpático, dizendo que havia lido ou escutado em algum lugar uma coisa que ela achava que fazia sentido: “O tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada, o tempo apenas tira o incurável do centro das atenções”.
Faz, sim, todo o sentido. Na hora da saudade, da tristeza, do desamparo, é com ele que contamos: o tempo. Queremos dormir e acordar dez anos depois curados daquela idéia fixa que se instalou no peito, aquela obsessão por alguém que já partiu de nossas vidas. No entanto, tudo o que nos invadiu com intensidade, tudo o que foi realmente verdadeiro e vivenciado profundamente não passa. Fica. Acomoda-se dentro da gente e de vez em quando cutuca, se mexe, nos faz lembrar da sua existência. O grande segredo é não se estressar com este inquilino incômodo, deixá-lo em paz no quartinho dos fundos e abrir espaço na casa para outros acontecimentos.
Nossas atenções precisam ser redirecionadas. Ficar olhando antigas fotos, relendo antigas cartas ou lembrando antigas cenas é tirar a dor do quarto dos fundos e trazê-la para o meio da sala. Evite.
O tempo só será generoso na medida em que você usá-lo para fazer coisas mais produtivas: procurar amigos sumidos, praticar um esporte, retomar um projeto adiado, viajar. As atenções têm que estar voltadas para os lados e para a frente. O quartinho dos fundos tem que ficar fechado uns tempos, a dor mantida em cativeiro, sem ser alimentada.
Amores passados contentam-se com migalhas e sobrevivem muito: ajude-se, negando-lhes qualquer banquete. A fartura agora tem que ser de vida nova.
Martha Medeiros.
Texto retirado do seguinte blog: http://jbachini.blogspot.com/
Obrigada pela citação!
ResponderExcluirTudo bem, Zinho? Andei sumida mesmo. É que sou assim, se posso falar, falo, se não posso, escrevo. Essa Martha é demais, né? Adoro como ela fala de sentimentos, eu queria ter escrito todos os textos dela. Dia desses li uma frase que dizia que o une as pessoas são os sentimentos e os propósitos. Engraçado, isso. Sem nos conhecer, nos identificamos nos textos... Bom fim de semana. E não deixe de postar comentários... Beijos... Josi.
nossa Josi, a mais pura realidade, tbm achei isso desde quando comecei visitar seu blog... apesar de não te conhecer, tenho uma sensação tão gostosas ao ler tuas postagens e teus textos, tipo parece que somos tão próximos... rs VAI SABER rs rs rs ... bjus e um abençoado final de semana pra vc
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